domingo, 21 de março de 2021

ANTÔNIO NILSON PATRIOTA



Filho de NELSON FERREIRA PATRIOTA e MARIA SEGUNDA PATRIOTA, ANTÔNIO NILSON PATRIOTA nasceu na então Vila de Touros (RN), no dia 16 de dezembro de 1930. O pai, pequeno comerciante, era boêmio, tocava violão e cantava modinhas, poesias de Castro Alves, Ferreira Itajubá, Auta de Souza, Lourival Açucena e muitos outros poetas contemplados com a popularidade e que tiveram seus versos musicados por compositores vários. A mãe exercia o ofício de costureira, enquanto não estivesse cuidando dos afazeres domésticos. No ano mesmo do nascimento de Nilson, Seu Nelson perdeu no mar uma grande embarcação carregada de mercadorias adquiridas em Natal para o seu armazém, inclusive muito querosene. Como a mercadoria não estava segurada, e sendo o prejuízo muito grande, Seu Nelson ficou sem capital. Conseguiu, porém, salvar a casa de morada e uma fazenda localizada perto da Serra Verde, na região do Mato Grande, denominada Jurema. Nesta fazenda, o menino viveu algum tempo, dali saindo para a companhia da irmã mais velha, Waldemira, já então casada com seu tio, o poeta Luís Patriota, residente em Santa Cruz (RN), onde era, advogando em todo o sertão, e principalmente guarda-livros dos Ferreira de Souza. Prosseguindo nos estudos, iniciados com o próprio pai, que era homem letrado, para o tempo e o meio em que viveu, Nilson cursou o Primário no Grupo Escolar Quintino Bocaiúva, de Santa Cruz, sempre sob os cuidados da irmã mais velha, em vista das dificuldades financeiras por que passavam seus pais.
        Em 1940, acompanhando Waldemira, que veio residir em Natal, aonde fez o curso técnico da Escola de Aprendizes Artífices (atual Escola Técnica Federal) e buscou meios de vida. Empregou-se na iniciativa privada, ocupando pequenos empregos. Em 1949, ingressou no Exército, como soldado, para cumprir o serviço militar, tendo ali passado onze meses. Concluindo seu tempo de serviço militar, voltou à iniciativa privada, onde permaneceu trabalhando até 1951.O ano de 1952 assinalou dois fatos de importância em sua vida: começou a publicar, no Suplemento Literário do Diário de Natal, os seus primeiros trabalhos, ensaios e contos, e, por indicação do jornalista Rivaldo Pinheiro, correspondente da Asapress, agência jornalística, com sede em Santiago, Chile, que distribuía notícias para, praticamente, todos os grandes jornais da América Latina, tendo como Diretor-Presidente o grande jornalista Paulo Labrador.
        Enquanto o jornalista firmava-se em sua carreira, ia nascendo o escritor, o ficcionista, o ensaísta.
        No mesmo ano, devido aos contatos quase diários que era obrigado a manter com o Governador do Estado, Dr. Sylvio Piza Pedroza, ganhou a simpatia deste, sendo por ele nomeado para o cargo de redator do jornal oficial A República, em que permaneceu até 1958, quando foi distinguido com a nomeação para o Fisco Estadual, como fiscal de rendas, por seu amigo e protetor Dinarte de Medeiros Mariz, com o qual já trabalhava desde 1954, ocupando uma função na Diretoria da Rádio Nordeste de Natal, um empreendimento moderno e voltado para o aprimoramento da radiofonia e a política.
        Fazendo parte da equipe fundadora da Rádio Nordeste de Natal, Nilson Patriota destacou-se por sua inteligência, dinamismo e alto espírito público e empreendedor. Na referida emissora de radiodifusão fez de tudo, de produtor a diretor, de publicitário a rádio-repórter.
Sua atuação na Rádio Nordeste, e em seguida no Correio do Povo, jornal pertencente ao Senador Dinarte de Medeiros Mariz, lançou nos negócios e na política. Em 1962, com apenas um programa radiofônico de cinco minutos (A Crônica da Tarde),levado ao ar, de segunda a sábado, ao meio dia, tornou-se uma espécie de celebridade radiofônica em todo o Estado. Em 1963 chegaria à Assembléia Legislativa, onde passou a se destacar na condição de parlamentar combativo e bastante festejado pelos órgãos de imprensa, que o tiveram na conta de deputado sério e atuante, bastante promissor para os tempos ásperos e bicudos de então, quando a política esteve extremamente radicalizada pelas facções políticas lideradas pelos Srs. Dinarte de Medeiros Mariz, Aluízio Alves e Theodorico Bezerra.
        Em 1966, atendendo a apelo de Dinarte Mariz, que não pretendia ver a legenda do MDB passar às mãos de seus adversários políticos no Estado, Nilson Patriota, juntamente com Odilon Ribeiro Coutinho, o Deputado Estadual Carvalho Neto, o jornalista Eugênio Neto e outros, disputaram as eleições de 1966 pelo referido partido. Grande parte dos eleitores de Nilson Patriota, não aceitando a sua nova posição política, que parecia contrária aos interesses da corrente liderada pelo Senador Dinarte Mariz, a ARENA, omitiu-se de acompanhá-lo em sua luta. O resultado é que Nilson Patriota, que parecia ser favorito entre os que disputavam as eleições pela legenda do MDB, não logrou eleger-se. Ficando na segunda suplência de Deputado Estadual, num partido que havia elegido uma pequena bancada, perdera a vez de se manter como parlamentar ativo.
        Em 1967, o jornalista Rômulo Maiorana, amigo de Nilson Patriota, diretor e proprietário de O Liberal, importante órgão de imprensa de Belém do Pará, convidou-o a fazer parte de sua equipe. Em Belém do Pará, Nilson Patriota destacou-se por seu eficiente trabalho como publicitário e jornalista. Em fins de 1968, ele já estava residindo em Belém do Pará, integrado à vida do jornal e da cidade, quando um grave acidente automobilístico, envolvendo membros de sua família, principalmente sua esposa, obrigou-o a fazer mudanças em seus planos. Diante da gravidade do estado de saúde de sua esposa, seriamente prejudicada pelo acidente, o jornalista regressou a Natal onde, através da ajuda de um irmão, de quem se tornaria sócio, instalou uma firma comercial e passou a negociar com medicamentos. A empresa, fundada no início de 1969 com a denominação de Drogaria Globo, ficou em suas mãos até 1978, quando a falta de vocação para continuar comerciante fez com que ele a transferisse para seu irmão João Patriota, este, sim, empresário, comerciante, que a transformou no que atualmente é a maior rede de farmácias do Rio Grande do Norte.
        No início de 1978, por indicação do amigo Júlio Rosado, foi convidado pelo Governador Tarcísio Maia para dirigir o jornal A República, substituindo o jornalista Marcos Aurélio de Sá, o qual se empenhava a fundo, juntamente com outro jornalista, Marcelo Fernandes, a desenvolver a revista RN Econômico. No mesmo ano, Nilson Patriota assume a direção da Companhia Editora do Rio Grande do Norte - CERN, ali efetuando uma série de modificações. Acumula também o cargo de Secretário de Imprensa do Governo do Estado. Em 1982, ainda no Governo Lavoisier Maia, uma série de intrigas políticas, supostamente articuladas nas redações dos jornais concorrentes, mas orientadas, efetivamente, por elementos de dentro do próprio sistema governamental, desestimularam-no a continuar à frente d’A República e da CERN.
        Entre os anos de 1978 e 1982, Nilson Patriota publicou duas obras literárias com repercussão no Estado e fora dele: o livro de crônicas Vôo de Pássaro (impresso pela Companhia Editora do Rio Grande do Norte) e a obra Itajubá Esquecido (editado pela Fundação José Augusto - Natal - RN - com apoio do MEC-FUNARTE), escrita em 1977, como homenagem ao centenário do poeta.
Em 1983, em pleno ostracismo, decorrente de seu posicionamento franco e corajoso perante os que tentavam injustamente detratá-lo dentro do Governo, Nilson Patriota candidata-se à Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, visando eleger-se para a cadeira nº 7 (cuja patrona é a historiadora Isabel Gondim), vaga naquela ocasião com o súbito desaparecimento do saudoso jornalista e escritor Walter Wanderley.
        Os anos que se seguiram foram dedicados por Nilson Patriota aos empreendimentos privados, principalmente em Touros, sua terra natal, onde ele possui imóveis urbanos e rurais. Enviuvando em dezembro de 1984, Nilson Patriota passou a viver a maior do tempo em Touros, de onde só saía para vir a Natal ou excursionar dentro e fora do país. Em 1999, o escritor casa-se em segundas núpcias com Maria Emília Wanderley e volta a residir em Natal. Os contatos com a cidade de Touros tornam-se menos freqüentes, porém não menos apertados e afetivos.
        Nilson Patriota é pai de cinco filhos. Os jornalistas/radialistas Roberto e Ricardo, proprietários dos jornais Folha do Mato Grande, Gazeta do Agreste e da rádio FM Mato Grande, com sede na cidade de Touros -RN, e as professoras Maria do Socorro, divorciada, residente em Natal, e Andréia, casada com o advogado Jorge Freire de Andrade, residente em Goiana - PE. A última, Luciana, é casada com o empresário Hans-Jörg, e reside e trabalha em Seibersbach, Alemanha.
Primeiro Secretário da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Presidente do Conselho Estadual de Cultura, membro da Academia de História do Amazonas e da Academia de Letras e Artes do Nordeste, com sede no Recife - PE -, Nilson Patriota não dispõe de muito tempo para se dedicar, como gostaria, a atividade literária. Mesmo assim continua colaborando na imprensa, embora esporadicamente, tendo concluído dois livros. Um deles é uma homenagem à sua cidade ou mais propriamente à sua região - o litoral norte do Estado - e tem o título de Touros, Uma Cidade do Brasil. Nesta obra o escritor aborda os quase quinhentos anos de história da região de Touros, pormenorizando cada fase do seu desenvolvimento. A obra, de 400 páginas, acha-se prefaciada pelo historiador Olavo de Medeiros Filho, tem orelhas do historiador Enélio de Lima Petrovich, e foi publicada, em 2000.
        Uma outra obra de Nilson Patriota, também publicada no ano 2000, é o livro de contos Uma Canção ao Entardecer, obra bastante elogiada pela crítica especializada. Há um novo livro de Nilson Patriota em andamento. Trata-se do romance A Esperança de Viver, que promete ser ainda melhor que o clássico Um Gosto Amargo de Fim, publicado em 1986, pela Fundação José Augusto, e considerado livro definitivo, pela crítica. Outros livros do escritor tourense estão em andamento.

FONTR – BLOG DO NACE


ANTÔNIO NILSON PATRIOTA

 


UM DESBRAVADOR DE TOUROS DO PASSADO

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

É a Touros que fica na esquina do Rio Grande do Norte, dividindo o litoral leste e norte do Brasil, o berço de Antônio Nilson Patriota, tourense da rua do Capim que, escrevendo em prosa e verso, "pôs Touros no mapa".
Filho de uma costureira e de um comerciante afeito à poesia de violão, Patriota estudou pouco e trabalhou desde cedo, no comércio. Todos gostavam dele. Já aos 22, publicou crônicas no jornal oficial do governador e virou funcionário do Fisco, pela mão do amigo Dinarte Mariz -que, depois, o levou para dirigir a rádio Nordeste. Passou ainda por jornais em Belém, Recife e Rio de Janeiro.
Elegeu-se deputado "com a ajuda da rádio", mas desistiu, ao não conseguir outro mandato. Mergulhou então nas histórias de infância para escrever as crônicas de "Vôo de Pássaro", de 1978. Seguiu com "Itajubá Esquecido", ensaio biográfico sobre o poeta Ferreira Itajubá. E enveredou de vez na descrição da cidade em "Touros - uma Cidade do Brasil", publicada pelo Departamento Estadual de Imprensa, que dirigiu.
Presidente do Conselho Estadual de Cultura, ocupava a oitava cadeira da Academia Norte-Riograndense de Letras. A cruzada pessoal, realizou no romance "Um Gosto Amargo de Fim", em que traça a trajetória de Justino, "desbravador de uma Touros do passado, que põe a cidade no mapa, mas morre no anonimato", diz um dos cinco filhos. Patriota morreu sábado, aos 77, de câncer.

FONTE UOL

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